A região da Patagônia argentina está isolada e em estado de alerta devido à nuvem de cinzas produzida pelo vulcão chileno Puyehue, que entrou em erupção no sábado passado. O aeroporto da cidade de Bariloche fechou ontem e a cidade sofre com a falta de água e de energia elétrica. O mesmo ocorre em San Martin de los Andes, Villa La Angostura e Junín, onde as aulas foram suspensas.
“Estamos trabalhando com uma equipe de contingência, especialmente na Villa La Angostura, distante 40 quilômetros do vulcão”, explicou o governador de Neuquén, Jorge Sapag, ao canal de TV argentino C5N. “É preciso esclarecer que não estamos tendo problemas com o vulcão em si, mas com a chuva de areia e de cinzas que já tem uma altura de uns 25 centímetros do solo”, detalhou. Segundo ele, ao redor do vulcão, em um perímetro de 10 a 15 quilômetros, há problemas mais sérios, que estão sendo tratados por uma equipe de contingência chilena.
Localizado na fronteira entre os dois países, o vulcão desprende um material que não é tóxico, segundo o governador, mas corrosivo. “Estamos pedindo que usem óculos, colírios e máscaras, mas a situação está controlada e a população está tranquila”, afirmou Sapag.
O governador disse que o estado é de alerta e que há uma emergência na pecuária porque a areia e as cinzas cobriram os pastos. No entanto, ele explicou que a equipe está trabalhando para limpar a região afetada e restabelecer os serviços de fornecimento de água encanada e de energia elétrica. Dezenas de motores geradores de energia foram levados para as cidades mais afetadas, e o governo está distribuindo água potável à população. Sapag estimou que, com os fortes ventos que sopram, a poluição do vulcão tende a se dissipar rapidamente.
O governador tentou transmitir tranquilidade aos turistas, especialmente aos brasileiros que estão com viagem marcada para a temporada de esqui, que começa dentro de duas semanas. “Não quero levantar nenhuma hipótese sobre riscos da temporada de turismo porque estamos trabalhando duro. O comércio, os bancos e o fornecimento de combustíveis estão em operação. A província de Neuquén está funcionando normalmente. Dentro de alguns dias, os demais serviços serão restabelecidos e normalizados”, estimou o governador.
O prefeito de Bariloche, Marcelo Cascón, não é tão otimista. Em entrevista à rádio El Mundo, de Buenos Aires, ele reconheceu que a alta temporada poderia sofrer alguma reprogramação. O prefeito explicou que quase todas as rodovias, fechadas desde sábado, foram reabertas ontem, mas com precauções. Também relatou que choveu ontem e que isso complicou a situação de Bariloche. “As equipes não conseguiram retirar toda a cinza acumulada desde sábado e as chuvas podem entupir a rede pluvial e dificultar o trânsito nas estradas”, ressaltou.
A nuvem de cinzas é tão forte que chegou ao céu da capital portenha, obrigando o cancelamento dos voos da maioria das companhias, principalmente entre a Argentina e o Brasil. Segundo o diretor-executivo do Conselho de Emergências da Província de Buenos Aires, Jorge Etcherrán, a capital não sofrerá as mesmas consequências das cidades da Patagônia, que estão isoladas. “A nuvem está passando por Buenos Aires, mas não contém a mesma quantidade de partículas e, por isso, não provocaria maiores problemas à população, mas, se as condições meteorológicas mudarem, podemos ter inconvenientes com a queda de cinzas”, observou.
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