O 36º Congresso Estadual dos
Jornalistas encerrou suas atividades no final da tarde desta sábado, 8 de
março, em Porto Alegre. Com a presença de dezenas de votantes, a plenária final
do evento aprovou o encaminhamento de cinco diferentes teses – a totalidade das
que foram apresentadas – para serem levadas ao encontro nacional da categoria,
que ocorre entre os dias 2 e 6 de abril, em Maceió, Alagoas.
Também foram consagradas cinco
das seis moções lidas no final da sessão. Além disso, foram eleitos os quatro
delegados que acompanharão o presidente Milton Simas na comitiva do
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul que comparecerá ao
congresso nacional.
São eles, Márcia Carvalho e
Robinson Estrásulas, da diretoria do SINDJORS, o ex-presidente da entidade
Jorge Correa e Márcia Camarano. Além destes, duas outras gaúchas irão ao
encontro brasileiro: a segunda vice-presidenta do sindicato, Vera Daisy Barcellos,
palestrante convidada do evento, e Janice Ramos, delegada pelo Encontro
Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Enjira).
Teses vão da defesa do SUS
público a importância do jornalismo de imagem
Os temas defendidos nas cinco
teses apresentadas no 36º Congresso Estadual dos Jornalistas, todos aprovadas
com ajustes de redação, foram bastante variados.
Três delas eram aditivas às teses
guias formuladas pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), duas estavam
relacionadas ao tema “A democracia como garantia de igualdade e liberdade”,
ambas de autoria do mesmo grupo – Márcia Camarano, Roberto Santos, Vera Daisy
Barcellos e Milton Simas.
A que vinha intitulada “É preciso
defender e aprofundar a democracia no Brasil” relacionava o sistema democrático
com a experiência de saúde pública brasileira, considerada pelos autores como
“o maior exemplo de democracia participativa” no país. Defendia, portanto, a
presença de entidades representativas dos jornalistas em conselhos sociais e de
direitos municipais, estaduais e nacional como maneira de pressionar pela
garantia e melhoria do Sistema Único de Saúde (SUS) público.
No caso do Rio Grande do Sul,
especificamente, há um projeto de lei em debate na Assembleia Legislativa, que
modifica a distribuição das cadeiras do Conselho Estadual de Saúde, no qual o
SINDJORS deverá solicitar assento após a aprovação da tese.
Em sua segunda exposição, o grupo
de jornalistas abordou as recentes manifestações no Brasil – cujo ápice foram
as jornadas de junho de 2013 – e a relação com o trabalho da imprensa. A ideia
é fazer uma defesa das ideias democráticas amplamente defendidas por
jornalistas que militaram ao longo da história e que estão ameaçadas pela
confusão que o público faz destes trabalhadores com os donos de grandes veículos
de comunicação. “É preciso lembrar à sociedade que a categoria dos jornalistas
está inserida na luta pela democracia”, assinala o texto.
Para lograr o objetivo, a tese
defende que a Fenaj desencadeie uma campanha nacional mostrando a luta dos
jornalistas na defesa do sistema democrático, listando e divulgando nomes de
todos os jornalistas mortos, torturados e desaparecidos ao longo da ditadura.
Além disso, defende que haja um reforço da identidade dos jornalistas
brasileiros como trabalhadores.
A plenária entendeu ainda que era
necessário mencionar a importância de que as empresas de comunicação
proporcionem as adequadas condições de segurança aos profissionais que cobrem
manifestações ou que estejam expostos a situações de risco. “Setenta por cento das
agressões à imprensa foram feitas pela polícia”, lembrou o integrante da
executiva da Fenaj José Carlos Torves.
A tese aditiva do ex-presidente
do SINDJORS José Maria Nunes ao tema “Pelo fim da precarização do trabalho e
uma fiscalização mais efetiva dos órgãos competentes” também mencionava
a responsabilidade dos donos da imprensa brasileira com a saúde do
trabalhador. “O jornalista é um ser que defende todos os cidadãos, mas não
compreende os seus próprios direitos e nem faz o registro de sua enfermidade
como doença de trabalho”, analisou o autor.
A tese aprovada vai levar para a
plenária nacional a proposta de criação de Grupos de Trabalho regionais para
tratar especificamente da saúde do jornalista, com a incumbência de
realizar um extenso levantamento sobre doenças do trabalho vinculadas a
profissão.
Duas teses originais foram
apresentadas e aprovadas pela plenária final do Congresso. Em uma delas, do
tesoureiro do SINDIJORS Robinson Estrásulas pedirá a criação oficial dos
Encontros Estaduais e Nacional de Jornalistas de Imagem.
A apresentação do também
fotógrafo Elson Sempé Pedroso busca garantir aos jornalistas aprovados em
concurso público a liberdade de escolha do servidor para optar pela carga
horária regulamentar de 5 horas diárias “sem prejuízo da remuneração padrão”.
Moção repudia descaso patronal na
negociação
Uma entre as cinco moções
aprovadas ao final do 36º Congresso Estadual de Jornalistas repudiou a postura
intransigente do patronato gaúcho na negociação salarial 2013. Os representantes
das empresas de comunicação foram insensíveis as demandas da categoria e não
aceitaram negociar aumentos condizentes com as exigências feitas aos
profissionais gaúchos.
Houve ainda a aprovação de moção
em apoio à criação do fórum municipal de comunicação e o desarquivamento do
projeto de lei que cria o Conselho Municipal de Comunicação de Porto Alegre.
Por fim, temas como o racismo nos
estádios, a licença maternidade vedada às parlamentares gaúchas e as agressões
sofridas por jornalistas na Venezuela durante a cobertura das recentes
manifestações naquele país também mereceram moções, que foram aprovadas
pela quase totalidade do plenário presente.
Por: Imprensa/SINDJORS
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