segunda-feira, 16 de junho de 2014

FEMERGS PARTICIPA DA 3ª CEST/RS E ELEGE DELEGADOS PARA A ETAPA NACIONAL

Em Porto Alegre, nos dias 5, 6 e 7 de junho, aconteceu a 3ª Conferência Estadual em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. O evento, realizado na Casa do Gaúcho e Escola Parobé, reuniu em torno de 400 delegados, representantes dos segmentos usuários do SUS, gestores e trabalhadores em saúde, escolhidos anteriormente nas sete conferências organizadas nas macrorregionais do Estado, desde o mês de março. A FEMERGS foi representada pela sua secretária Saúde e Segurança do Trabalhador, Elisabeth Silveira.
A plenária de abertura, que aprovou o regulamento da 3ª CEST/RS, teve por objetivo: analisar as propostas constantes no relatório consolidado das etapas macrorregionais; aprovar propostas para o Estado e União; eleger e encaminhar as propostas prioritárias para a União; eleger e inscrever os delegados da etapa estadual para a etapa nacional.
Na mesa 1 sobre “Diagnostico da situação da saúde do trabalhador e da trabalhadora” foram apresentados dados sobre a saúde dos bancários, pelo Sindibancários; do homem do campo, pela Via Campesina; do trabalhador da construção civil; dos metalúrgicos; dos servidores públicos do Estado; dos trabalhadores da Justiça; dos trabalhadores em agricultura; dos trabalhadores das indústrias de alimentação; e dos trabalhadores da área da saúde.
O coordenador da Regional Grande Santa Rosa da FEMERGS, Wilson Webber, manifestou-se na plenária, lamentando a falta de espaço para abordar a saúde dos municipários do RS. Webber ressaltou que, no Estado, somos mais 200 mil trabalhadores do setor, enfatizando que nos municípios é que se concretizam as ações e políticas públicas.
O tema central da conferência “Saúde do trabalhador e da trabalhadora, direitos de todos e todas e dever do Estado” teve como eixos norteadores das discussões a implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNST) e a definição da Política Estadual de Saúde dos Trabalhadores; temas que foram amplamente discutidos nas conferências macrorregionais: Serra – Caxias do Sul; Macrorregião Sul-Pelotas; Macrorregião Centro-Oeste-Santa Maria; Macrorregião Metropolitana- Novo Hamburgo; Macrorregião Vales – Santa Cruz do Sul; Macrorregião Missioneira-Santa Rosa e Macrorregião Norte- Passo Fundo.
A mesa 2 apresentou os “Desafios para a efetivação da Política do Trabalhador e da Trabalhadora” por representante do Conselho Nacional de Saúde, da UFMG e UNICAMP.
A mesa 3 abordou as “Perspectivas da Política de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora” por Cláudio Augustin, do Conselho Estadual de Saúde, Maria Juliana Moura, da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, e por Rogério Dorneles, do Fórum Sindical de Saúde do Trabalhador.
Foram três dias intensos de oficinas, mesas de debate, grupos de trabalho e plenárias. Para a etapa nacional foram eleitos como delegados 24 representantes do segmento usuários do SUS, 12 representantes dos trabalhadores em saúde e 12 representantes do segmento de gestores. A Federação dos Municipários do RS (FEMERGS), estará presente na etapa nacional pela eleição de mais de quatro delegados.


PROPOSTAS ELEITAS, POR ORDEM DE VOTAÇÃO, COMO PRIORITÁRIAS NO RS:

1) Criar legislação que o assédio moral e as violências no ambiente de trabalho sejam considerados crime, punindo quem as praticou. O gestor público que tomar ciência do assédio e não tomar as devidas medidas será corresponsável sofrendo a perda do cargo público. E, o Estado terá que arcar com as despesas do tratamento das sequelas do assediado e seus familiares. No caso do gestor do setor privado a organização do trabalho será penalizada com multa com impedimento na participação em licitações públicas, além de arcar com as despesas do tratamento das sequelas do assediado e seus familiares, dentre outras penalidades.

2) Estabelecer legislações que garantam ao CEREST e às equipes de Vigilância em Saúde do Trabalhador dos municípios e estados, o poder de fiscalização nos ambientes de trabalho e a condição de autoridade sanitária, com a participação dos sindicatos, e que configurem como infração sanitária o descumprimento de legislações de promoção e proteção à saúde dos trabalhadores.

3) Reduzir a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salário, por conta da carga de trabalho excessiva estar gerando o adoecimento e alienação dos trabalhadores e trabalhadoras.

4) Agilizar os processos de reavaliação dos registros e dos cadastros de agrotóxicos visando a proibição do uso de agrotóxicos perigosos e de maior risco à saúde e ao meio ambiente e reafirmar a proibição da importação e produção do uso de agrotóxicos já proibidos nos países de origem.

5) Combater as horas-extras e proibir os bancos de horas por provocarem prejuízos à saúde devido à sobrecarga de trabalho.

6) Exigir que o INSS: a) siga parâmetros definidos em protocolos, consensuados pelo Ministério da Saúde, para avaliação de doença, incapacidade e afastamento do trabalho, incluindo a utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF); b) repasse as informações referentes às CATs (mesmo as recusadas), ao Ministério do Trabalho, aos órgãos de Vigilância em Saúde do Trabalhador do SUS e aos sindicatos; c) considere os laudos estabelecidos pelo SUS; d) aplique o Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP) na realização das perícias do INSS; e) aceite as CATs emitidas pelo SUS e sindicatos de trabalhadores; e que nenhuma negativa de nexo com o trabalho seja produzida sem a investigação e realização de perícia nos locais de trabalho, com a presença do trabalhador e respectivo sindicato.

7) Garantir a participação democrática dos trabalhadores rurais e urbanos, incluindo as comunidades tradicionais (quilombolas e indígenas) os mesmos direitos dos setores público e privado quanto a acidentes de trabalho, invalidez e aposentadoria, com equiparação, para fins de cálculo previdenciário.

8) Garantir uma política de saúde mental no trabalho, que articule as ações individuais – de assistência e de recuperação dos agravos – com as ações coletivas – de proteção, promoção, prevenção, de vigilância dos ambientes, processos e atividades de trabalho, e de intervenção sobre os fatores determinantes da saúde dos trabalhadores – que contemple a complexidade das relações trabalho/saúde mental, a atuação multiprofissional e interdisciplinar, construindo as interações necessárias entre as Redes de Atenção Psicossocial e a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador.

9) Lutar contra toda e qualquer iniciativa de privatização do SUS e da Previdência Social.

10) Criar e implantar uma política de prevenção, promoção, proteção e recuperação em saúde mental no trabalho, no setor público e privado, garantindo a inclusão e reconhecimento do sofrimento psíquico das doenças mentais nas avaliações ocupacionais de saúde do trabalhador.

11) Garantir a integralidade na atenção à saúde dos trabalhadores, inserindo as ações de saúde do trabalhador em todas as instâncias da Rede de Atenção à Saúde do SUS (atenção primária em saúde, atenção especializada, CERESTs, urgência e emergência, atenção hospitalar, apoio diagnóstico, assistência farmacêutica e vigilância em saúde), e nas políticas públicas de saúde transversais à saúde do trabalhador, incluindo ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, respondendo às necessidades de cada território e fortalecendo a estrutura da Rede Nacional de Atenção Integral a Saúde do Trabalhador (RENAST).

12) Combater toda e qualquer forma de violência de gênero, respeitando as identidades de gênero em ambientes de trabalho, sindicais e entidades a fins, buscando romper com as desigualdades de oportunidades e direitos entre homens e mulheres.



Nenhum comentário: